Projeto da UFSC Blumenau propõe diálogo com estudantes do ensino médio sobre suicídio

13/07/2017 18:37

Em nossa sociedade, a adolescência costuma ser percebida como um período prazeroso e leve do desenvolvimento humano. Porém, os adolescentes, em sua maioria, lidam com decisões importantes, pressões sociais e desafios que podem lhes parecer obstáculos grandes e intransponíveis.

Visando problematizar desafios no delineamento de projetos de vida, bem como falar abertamente sobre temas como o suicídio entre os jovens, a professora Renata Orlandi, com apoio do professor Aldo Sena, propôs, em conjunto com estudantes de Licenciatura em Matemática e Química da UFSC Blumenau, cinco oficinas na Escola de Educação Básica Doutor Max Tavares D'Amaral. Tal projeto de ensino e extensão universitária foi uma das práticas como componente curricular (PCC) propostas ao longo da disciplina de Psicologia da Educação.

Realizada durante a manhã do dia 03/07, as oficinas acolheram cerca de 120 alunos de ensino médio e cada uma delas buscou provocar vivências que enfatizaram estratégias distintas de enfrentamento de problemas, bem como de potencialização de recursos pessoais acionados diante de situações adversas. O objetivo das intervenções foi problematizar os projetos de vida, a possibilidade de lidar e aprender com os erros, a tolerância à frustração, as violências e a resiliência, em última análise, a arte de seguir em frente diante das adversidades que se apresentam na trajetória de cada adolescente.

Série e jogos trazem tema à tona

Apesar de ainda ser tabu, a discussão sobre o suicídio entre os jovens foi reacesa com a propagação virtual do desafio da Baleia Azul e do lançamento da série “13 Reasons Why”, da Netflix, baseada no livro homônimo de Jay Asher. “Infelizmente, adolescentes podem estar vulneráveis a comportamentos auto-agressivos e a prevenção desta modalidade de violência depende de ações coletivas que envolvam escola, família, comunidade, mídia e políticas públicas”, afirma a professora Renata.

No Brasil, um levantamento feito pelo Mapa da Violência 2017, estudo publicado anualmente a partir de dados oficiais do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, revela um gradual crescimento na taxa de suicídios na faixa etária de 15 a 29 anos. Em 1980, o índice era de 4,4 por 100 mil habitantes; chegando a 4,1 em 1990; e a 4,5 em 2000. Assim, entre 1980 a 2014, houve um crescimento de 27,2%.

O diretor da EEB. Dr. Max Tavares D’Amaral, Arquimedes Alves dos Anjos, afirma que “a escola vem trabalhando, no decorrer dos anos, com alguns projetos para a transformação dos alunos em pessoas mais conscientes e melhores”. E completa: “esse deve ser o objetivo da Escola Pública”.

Arquimedes também considera que a melhor forma de aprender é a prática. “A UFSC e o trabalho que a professora Renata vem desenvolvendo com os estudantes, aproximou nossos alunos do Ensino Médio dessa premissa com as oficinas realizadas. Eles puderam, no período, discutir alguns temas polêmicos e atuais a partir de suas vivências, de forma desprendida e descontraída”, avaliou.

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Os relatos de quem participou*
*os nomes foram alterados para preservar a identidade dos (as) alunos (as)

“Eu achei bem interessante pelo fato de abrir a mente dos jovens de hoje em dia e ser um aprendizado. Achei muito legal”.

- João

“Achei que as oficinas ajudaram bastante todo mundo, não houve lado ruim, só trouxeram benefícios. Todos puderam expor suas ideias e foi muito legal”

- Ana

“Foi muito importante o projeto porque aqui na escola a gente percebe as diferenças que existem entre negros, brancos e homossexuais, esse pessoal oprimido que se sente vulnerável em qualquer situação. E foi importante mesmo porque a gente percebe quem está vulnerável na escola e que não consegue descrever o que está sentindo... que não consegue desabafar com alguém. Assim a gente pode procurar algum amigo ou professor de confiança para acabar não fazendo besteira”.

- Maria

“As oficinas são bem dinâmicas e abordam uma coisa que se trata como tabu que é esse preconceito, de julgar o livro pela capa. Então está sendo bem dinâmico para conscientizar todos sobre isso”.

- Júlio

“Bem legal a parte que elas falaram sobre o suicídio e os rótulos e a dinâmica foi bem abordada. Acho que nos rótulos elas até ‘pegaram bem leve’ perto do que realmente acontece. Elas falaram muito sobre os números relacionados ao suicídio e é uma coisa que realmente acontece, já vi muito, já ajudei muito...”

- Laura

“Nós gostamos muito das oficinas, que elas se repitam várias vezes no colégio. Foi muito inspirador. Especialmente a peça teatral. Eles falaram bastante e demonstraram os sentimentos que a nossa realidade passa hoje em dia. Foi muito interessante”.

- Pedro e Lucas

“Eu gostei porque ensina a gente a ser como a gente é: diferente. Não importa ser diferente. Me senti bem com essa atividade”

- José

“Com essa palestra acredito que muita gente vai começar a pensar de maneira diferente. Achei muito interessante”.

- Paulo

“Particularmente eu já tentei (suicídio). Eu tive muitos problemas em casa, então, é complicado ficar sem ajuda. Essa dinâmica me ajudou a pensar de outro jeito, a ver que a gente tem escolhas”.

- Bruna

“Essa oficina, que colocamos etiquetas em nossa testa sobre como nos sentimos, foi muito boa. Ajudou muito a gente a se expressar e a sentir na pele como é colocar um rótulo na outra pessoa”.

- Carla

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Para refletir sobre o tema

Filme

As Melhores Coisas do Mundo” (2010)

Sinopse: Mano (Francisco Miguez) é um adolescente de 15 anos. Ele está aprendendo a tocar guitarra com Marcelo (Paulo Vilhena), pois deseja chamar a atenção de uma garota. Seus pais, Camila (Denise Fraga) e Horácio (Zé Carlos Machado), estão se separando, o que afeta tanto ele quanto seu irmão mais velho, Pedro (Fiuk). Sua melhor amiga e confidente é Carol (Gabriela Rocha), que está apaixonada pelo professor Artur (Caio Blat). Em meio a estas situações, Mano precisa lidar com os colegas de escola em momentos de diversão e também sérios, típicos da adolescência nos dias atuais.

Tags: debateExtensãoprojetopsicologiavida

Infraestrutura e sede própria são temas de reunião entre Direção do campus e Reitor

13/07/2017 16:14

A Direção do campus Blumenau se reuniu com o Reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo, nesta segunda-feira (10/7), em Florianópolis. Em pauta, assuntos de interesse do campus como infraestrutura e gestão de pessoal.

Participaram do encontro o Diretor João Luiz Martins; a Vice-diretora, Ana Julia Dal Forno; a Diretora Administrativa, Catieli Nunes de Figueredo Beléia e o Gestor de Contratos, Darlan Lingnau. Do campus sede, além do Reitor, estiveram presentes o Procurador-chefe, Juliano Scherner Rossi; o Assessor Institucional, Gelson Luiz de Albuquerque; o Chefe de Gabinete da Reitoria, Aureo Mafra de Moraes e o Diretor Geral, Alvaro Guillermo Rojas Lezana.

Diante da conjuntura nacional, especialmente das restrições impostas pelo atual governo à Educação, a equipe do campus Blumenau busca alternativas que possibilitem a construção da sede própria da universidade no município de Blumenau. Um modelo em estudo atualmente é o built to suit.

No encontro com a Reitoria foi autorizado o início do processo para viabilizar a construção, entretanto, desde que os valores não sejam superiores aos praticados nos atuais contratos de aluguéis das sedes administrativa e acadêmica. Mesmo cientes destas limitações, do impacto que este condicionante poderá trazer ao processo, a equipe assumiu o desafio de construir os caminhos para concretizar esse projeto, pois se trata de um desejo de toda a comunidade acadêmica.

Sobre os demais investimentos para equipamentos, a Administração Central da Universidade afirmou que os recursos de capital e de pessoal encontram-se contingenciados pelo Governo Federal. Aguarda-se ainda liberação dos limites da emenda de autoria do senador catarinense, Dalírio Beber, no valor de R$300.000,00.

O que é built to suit?

Built to suit ("construído para servir") é um termo utilizado pelo setor imobiliário para identificar contratos de locação em longo prazo no qual o imóvel é construído para atender interesses pré-determinados do locatário. A escolha por esse modelo para viabilizar a construção do campus definitivo tem como vantagem a reversão do patrimônio para UFSC ao final dos pagamentos, como em um financiamento.

(Comunicação UFSC Blumenau)

Tags: campusinfraestruturareitoriareunião

UFSC Blumenau divulga seu planejamento estratégico para o biênio 2017/2019

12/07/2017 15:01

O Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) é um documento e instrumento de planejamento a ser considerado dentro da gestão estratégica, que caracteriza a identidade institucional. Nele estão definidas a missão e visão de futuro da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), bem como as estratégias, diretrizes e políticas a serem seguidas, para o alcance de seus objetivos e metas.

Com base nesse Plano de Desenvolvimento Institucional, o Campus Blumenau elaborou o Planejamento Estratégico, para, assim como o PDI, servir como ferramenta de apoio da UFSC, ao redor da qual serão definidas as ações para até 2019.

Buscando contemplar todas as necessidades de cada categoria que fazem parte do corpo universitário, esse planejamento está organizado em cinco dimensões, cada uma tratando de políticas orientadoras e visando uma área acadêmica específica da UFSC do Campus Blumenau. São elas : 1) Ensino 2) Pesquisa 3) Extensão 4) Cultura, Arte e Esporte e 5) Gestão. Cada dimensão possui seus planos detalhados com a descrição da meta institucional, da ação, a descrição do projeto, a Justificativa e o(s) responsável(is).

Colaboraram para este plano a Direção do Campus Blumenau, a Direção Administrativa, o Núcleo Pedagógico (NuPe), os Coordenadores de Curso, Chefias de Departamento e o Comitê de Comunicação.

Visando a importância da transparência para os alunos, servidores e comunidade, este documento será divulgado para que toda a comunidade saiba quais os objetivos e metas da UFSC Campus Blumenau. Por fim, espera-se que todos os projetos desse planejamento sejam concluídos com sucesso para melhorar o ambiente da universidade para os alunos, servidores e comunidade.

Tags: gestãoPDIplanejamento

Processo seletivo para contratação de professores substitutos: homologação das inscrições

07/07/2017 17:53

Departamento das Engenharias

DESCRIÇÃO DA VAGA

Área/Subárea de conhecimento: Ciência da Computação

Áreas afins: Informática, Sistemas de Informação

Nº de vagas: 01 (uma) vaga

Regime de Trabalho: 40 (quarenta) horas semanais

Requisitos: Graduação em Ciência da Computação, Sistemas de Informação, Engenharia da Computação, Engenharia de Controle e Automação e Especialização ou Mestrado ou Doutorado em Computação, Informática e afins.

 

Departamento de Ciências Exatas e Educação

DESCRIÇÃO DA VAGA

Área/Subárea de conhecimento: Ensino/Ensino de Química

Nº de vagas: 01 (uma) vaga

Regime de Trabalho: 40 (quarenta) horas semanais

Requisitos: Graduação em Licenciatura em Química e Especialização ou Mestrado ou Doutorado em Educação ou Ensino de Química ou Ensino de Ciências ou Educação Científica e Tecnológica ou Educação em Ciências ou Filosofia e História da Ciência.

Tags: cienciacomputaçãoengenhariaensino

Diversidade sexual e violência de gênero são temas de intervenção na UFSC Blumenau

29/06/2017 12:59

A sexualidade por si só é um tabu e a violência em torno dela é cercada de ainda maior constrangimento e silêncio, sendo raros os espaços voltados ao debate sobre o seu impacto. As questões sobre o tema estão permeadas e intrinsecamente relacionadas aos direitos humanos, tornando fundamental a discussão sobre as naturalizações e prescrições sociais que oprimem, controlam, cerceiam e impedem a manifestação das singularidades, assim abrindo precedentes para o sexismo, a GLBTIfobia e uma infinidade de violências que atravessam as relações de gênero.

No dia 26 de junho, em alusão ao “Dia dos Namorados”, data a qual ainda deixa seus rastros comerciais nas vitrines das cidades brasileiras, e a dois dias da celebração do Dia Internacional do Orgulho LGBTI (28/6), foi realizada uma intervenção, no auditório da UFSC Blumenau, voltada à problematização de duas modalidades de violação de direitos atreladas ao campo da afetividade: os relacionamentos abusivos e a LGBTIfobia.

O projeto consistiu na realização de oficinas voltadas à provocação de debates sobre essas duas modalidades de violência por meio de atividades lúdicas, seguidas de um debate aprofundado e acolhedor sobre os temas, englobando também o esclarecimento sobre os recursos acionados no enfrentamento destas adversidades e a participação da rede social de apoio para lidar com tais violações dos direitos humanos. Entre estudantes de licenciatura e engenharias, bem como servidores do centro, cerca de 50 sujeitos participaram da execução do projeto ao longo de uma tarde.

Os relacionamentos abusivos são aqueles nos quais as relações de poder são assimétricas entre as pessoas, caracterizados por ações intencionais de controle do(a) outro(a) em benefício próprio. A LGBTIfobia se constitui como prática discriminatória de hostilidade geral, psicológica e social que se manifesta a partir de inúmeras violências cometidas contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgêneros e pessoas intersex, bem como contra sujeitos heterossexuais assim identificados.

No Brasil a taxa de feminicídios é de 4,8% para 100 mil mulheres – a quinta maior no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). O país também apresenta os maiores índices de assassinatos entre a comunidade LGBTI no mundo. Para se ter uma ideia, dados alarmantes foram apontados pela Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Intersexuais, que correspondem a uma morte a cada 25 horas no país. Além dessas estatísticas, outras tantas que sinalizam a grave desigualdade de gênero que estrutura a sociedade brasileira, nos indicam o desafio e a urgência do compromisso social das instituições no que tange à promoção da educação sexual na perspectiva dos direitos humanos e das relações de alteridade.

Os professores Aldo Sena de Oliveira (da área de Química) e Renata Orlandi (da área de Psicologia da Educação) consideram este tipo de debate no campo da Educação sempre desafiante: “A experiência com estes estudantes e servidores/as reforçou a necessidade de enfrentar tais processos de dominação simbólica, normalização, ajustamento, marginalização e exclusão. No cenário brasileiro, a provocação de discussões profundas  no campo da Educação Sexual sempre foi desafiadora, sobretudo hoje, em tempos de desqualificação da(o)s docentes e dos movimentos sociais comprometidos com a garantia deste direito humano. As questões acerca da sexualidade estão permeadas e intrinsecamente relacionadas aos direitos humanos, tornando fundamental os diálogos sobre as naturalizações e prescrições sociais que oprimem, controlam, cerceiam e impedem a manifestação das singularidades e de sujeitos fora da norma heterossexual. Essas violências reforçam o sexismo, a misoginia, a GLBTIfobia e uma infinidade de violências que atravessam as relações de gênero. Nesta perspectiva, acreditamos que é fundamental resistirmos aos mecanismos de objetivação e silenciamento, por meio da construção de novas práticas curriculares, culturais e de privilégio para a constituição de sujeitos múltiplos, livres e iguais”, avaliam.

Colaboraram no planejamento, sistematização e realização da atividade de ensino e extensão universitária os(as) estudantes do curso de Licenciatura em Química matriculados na disciplina Educação, Direitos Humanos e Diversidade Sociocultural (BLU7197) Eduarda Giese, Mauricio Raitz Junior, Morgana Aline Voigt, Morgana Sofia Zilse, Nilton Máximo Junior, Paola Stéfany Maass e Rhaisa Gazola Pezzi Verlindo, sob a orientação dos professores Renata e Aldo. O projeto, elaborado de forma interdisciplinar, apóia-se nos estudos e debates realizados em sala na disciplina, construída a partir da interface entre o processo de formação de professore e a esfera dos Direitos Humanos, visando a problematização e  análise da produção de discursos, enunciados, gestos e ocorrências, em situações em que se (re)constroem saberes, sujeitos, subjetividades, diferenças e hierarquias.  


A opinião de quem esteve lá

“Acho que o mistério gerado em torno da intervenção foi muito interessante. Consegui participar de apenas uma das atividades. Achei interessante como logo vinha em mente uma resposta pronta, mas, em seguida, após as reflexões, elaborava algo melhor”.

  • Brenda Teixeira Machado, estudante do 5º semestre do Curso de Licenciatura em Química

“Esse é um conceito muito importante para ser tratado na universidade e as temáticas podem ser transformadas em algo como uma mostra de arte, por exemplo”.

  • Darlei Daniel Hertel, estudante do 4º semestre do Curso de Licenciatura em Química

Representatividade municipal

No dia 28 de junho, Dia Internacional do Orgulho LGBTI, um importante passo na luta pela representatividade foi conquistado em Blumenau. Alice Alves é a primeira mulher trans a tomar posse no Conselho Municipal da Juventude (Gestão 2017/2019). A solenidade foi realizada no Salão Nobre da Prefeitura de Blumenau.

“Sinto orgulho de ser a primeira travesti a ocupar esse posto, minha responsabilidade será levantar todas as demandas da população LGBT, nossa comunidade, em especial xs jovens tem urgência de estarem na agenda das políticas públicas”, declarou em entrevista ao Coletivo LGBT Liberdade.

O conselho é formado por representantes governamentais e da sociedade civil e tem a missão de atuar na discussão, elaboração, implementação e avaliação de políticas públicas voltadas aos jovens no município.

(Foto: Coletivo LGBT Liberdade/Blumenau)


Fotos da atividade

Tags: diversidadehomofobialgbtiviolência