UFSC Blumenau recebe os primeiros estudantes internacionais
Este ano o Campus Blumenau da UFSC deu um importante passo no seu processo de internacionalização ao receber seus dois primeiros alunos estrangeiros: Anika Egelkamp, da Alemanha, e Romel Antonioni Ascención Campos, do Peru, ambos do curso de Engenharia Têxtil.
Anika tem 22 anos e é de Mönchengladbach, cidade próxima à fronteira com a Holanda. Ela chegou aqui em abril e ficará até o mês de setembro. Já Romel tem 39 anos, é de Lima, e ficará no Campus Blumenau até finalizar a graduação.
Conheça um pouco mais sobre o que cada um está desenvolvendo na UFSC, seus objetivos e motivações. Leia abaixo:
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Nome: Anika Egelkamp
Idade: 22 anos
Universidade de origem: Hochschule Niederrhein Mönchengladbach University of Applied Science – Alemanha.
Curso: Gestão de Têxteis e Vestuário (Textile and Clothing Management)
1. Seu intercâmbio foi viabilizado por qual programa?
Foi através de um convênio entre a minha instituição e a UFSC. Meu curso é um curso internacional, as aulas são ministradas em inglês. Nós temos que cursar obrigatoriamente um semestre fora, em outra universidade, ou realizar um estágio. É como um semestre prático para você ganhar experiência. Então meu supervisor entrou em contato com a coordenação do curso daqui e eu também consegui uma bolsa de estudos para vir desenvolver meu projeto aqui.
2. Durante quanto tempo você ficará na UFSC?
Eu cheguei em abril de 2019, assim que finalizei as minhas provas na Alemanha, e retorno em setembro deste ano.
3. Quais atividades você está desenvolvendo?
No início eu tentei acompanhar algumas disciplinas, mas como são todas em português não deu muito certo [risos]. Eu até tentei acompanhar algumas práticas em laboratórios, me baseando pela observação, mas preferi focar no meu projeto devido ao meu interesse em sustentabilidade e de minha formação ligada à moda. Eu estou desenvolvendo uma coleção de biquínis sustentáveis com uso de tingimentos naturais (técnica de botanical printing). Optei pela linha de beachwear por ser algo muito brasileiro e porque as peças possuem uma modelagem fácil de cortar e costurar. Eu também estou realizando um estágio na TexNeo, em Indaial-SC. Na UFSC Blumenau conto com a supervisão da Profª Catia Lange de Aguiar e orientações das professoras Fernanda Steffens, Grazyella Cristina Oliveira de Aguiar e auxílio do estudante do curso de Engenharia Têxtil, Jean Fantoni.
4. O que te fez optar pelo Campus Blumenau da UFSC?
Eu queria muito estar em um país longe da Alemanha e como a minha universidade já tinha esse contato com a UFSC eu aceitei - apesar de não saber falar português, o que era um risco bem grande. Mas a Catia foi tão legal e me colocou essa possibilidade de poder desenvolver um projeto, o que foi melhor para mim por ser mais prático se comparado aos meus outros colegas que foram para outras universidades apenas para cursar disciplinas. A bolsa de estudos também facilitou bastante a minha estadia. Eu gosto muito da América do Sul, eu já estive no Chile em um outro intercâmbio durante o ensino médio. E Blumenau por ser uma região de indústria têxtil.
5. Você já conheceu outros lugares aqui no Brasil?
Sim, fui à São Paulo, Rio de Janeiro e Foz do Iguaçu. Em Santa Catarina, Pomerode, Balneário Camboriú, Itajaí, Praia do Rosa. Eu gostaria muito de ir para a Bahia e conhecer um pouco do Norte, mas como eu viajaria sozinha acho que seria muito difícil.
6. Quais as principais diferenças que você identificou entre a sua universidade de origem e o Campus Blumenau da UFSC?
O Campus aqui é menor do que minha universidade. Isso faz com que a relação entre professores e alunos seja muito mais próxima, o que eu realmente gosto! Na Alemanha você tem que ser muito formal e ter muito cuidado com o que você fala para ao seu professor. Aqui vocês até trocam presentes, como na Páscoa, por exemplo. O estilo educacional de vocês também é mais interativo, vi muitos alunos integrando e trabalhando juntos e não apenas como espectadores. A principal diferença que eu vejo são nas relações mesmo. Ah, ok, lá a gente utiliza mais tecnologias do que aqui [risos].
7. Sobre a cultura brasileira, quais são as suas impressões?
Ah, eu gosto muito! A cultura brasileira é muito rica, a comida, a música, as pessoas...o comportamento das pessoas, eu gosto muito, me deixa muito feliz. Eu sei que devem ter outros alemães que pensariam “ai nossa, isso é uma loucura, eles se encostam!” [risos]. Mas eu adoro, me fez sentir muito bem-vinda e confortável aqui. Na Alemanha a gente também tem estudantes de outros países, mas geralmente eles ficam mais distantes, em seus próprios grupos e isso me deixa um tanto triste.
8. E você fez muitas amizades por aqui?
Eu consegui fazer vários amigos. Logo quando cheguei, até eu encontrar um lugar para morar, eu fiquei hospedada na casa de uma colega da UFSC. Aos poucos fui fazendo mais amizades. No meu estágio também fiz amizade com uma colega, nós saímos bastante.
9. Aqui na região de Blumenau você encontrou muitas pessoas que falam o alemão?
Em Blumenau nem tanto, mais em Pomerode, nos restaurantes e festivais por lá. Alguns professores e estudantes que tem pais descendentes de alemães também falam um pouquinho. Também conversei com algumas pessoas mais idosas, mas eu notei que foi bem difícil de compreender porque se trata de um alemão antigo, muito diferente. Eu acabo mais falando o inglês mesmo.
10. Quais seus planos após a graduação?
Eu ainda não tenho certeza. Talvez fazer meu mestrado em outra universidade. Mas também, por causa desse meu projeto, tenho uma ideia de fazer um website para vender as minhas peças. É um grande risco, então não sei ao certo, mas seria ótimo poder fazer algo a partir desse projeto que estou desenvolvendo aqui.
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Nome: Romel Antonioni Ascención Campos
Idade: 39 anos
Cidade e país de origem: Lima, Peru
1. Você veio por meio de qual programa?
No Peru nós fazemos uma preparação antes de entrar na Universidade, chamada Academia. Eu fiz essa preparação lá e vim estudar no Brasil pelo Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G), primeiramente na Universidade Estadual de Maringá (UEM), no Paraná, onde cursei Engenharia Têxtil por um ano. Depois, solicitei transferência para a UFSC.
2. Por que escolheu a Engenharia Têxtil?
Minha família tem empresa no setor têxtil, eles trabalham com malha, estamparia e também com confecção de vestuário infantil. Eles fazem de uma forma sem conhecimento formal, técnico, o que não permite que eles cresçam mais. Eu também trabalhei por muito tempo em confecção, por isso decidi estudar Engenharia Têxtil.
3. Você pretende ficar até quando na UFSC?
Vou finalizar a minha graduação aqui.
4. Já conhecia Blumenau antes?
Sim, durante o tempo que estudei na Universidade Estadual de Maringá, fizemos um estágio aqui numa empresa da área têxtil.
5. Por conta desse estágio você já sabia então que a região do Vale do Itajaí era um polo têxtil?
Sim, eu me inteirei depois que aqui tinham muitas fábricas, muitas empresas grandes. Eu também visitei a Febratex e foi muito legal.
6. O que te fez escolher o Campus Blumenau da UFSC?
Lá no Paraná eu estudava no Campus Goioerê da UEM. A universidade é muito boa, mas a cidade é muito pequena. Eu podia cruzar a cidade toda, de ponta a ponta, em 30 minutos. A cidade é muito limitada e, para os estrangeiros, isso é muito complicado. Fica muito longe dos aeroportos, o que dificulta as viagens para o meu país. E às vezes precisava de material didático e não tinha, então tinha que pedir de outra cidade ou viajar para comprar.
7. O que está achando das disciplinas cursadas aqui?
Em nível educacional eu acho que está ótimo. Só acho que poderia aprimorar a integração com as empresas da região, para que os alunos formados aqui trabalhem nessas empresas.
8. O que está achando da cidade e da região?
A cidade é bonita, muito tranquila e sossegada. Supostamente Blumenau é a cidade da cerveja, né? Por isso também estou aqui! [risos] Pretendo ir na próxima Oktoberfest para conhecer.
9. E você já conheceu outras cidades de Santa Catarina?
Fui para Florianópolis, conheci a UFSC de lá e locais próximos. Ainda não fui à praia, ainda não deu tempo.
10. Como está sendo a convivência em outra cultura? Tem alguma diferença cultural que mais chamou sua atenção?
Tem muita diferença de cultura. Meu país é muito diverso, a população de Lima é mais migratória, vinda de outras províncias e outros polos da região. A maior diferença daqui é a ordem. Há muito respeito entre os vizinhos, o trânsito é muito organizado. Tem gente que reclama do trânsito aqui, mas lá em Lima é muito mais complicado. A comida também é muito diferente. Aqui todo dia as pessoas comem salada, arroz, feijão e carne. Todo dia é arroz e feijão! [risos]. Na culinária peruana tem muita diversidade, é uma mistura de muitas culturas. Eu estou estranhando um pouco, porque meu paladar é acostumado a outro tipo de comida.
11. Quais são os seus planos para o futuro, depois que terminar a graduação?
Pretendo fazer o meu estágio final em uma boa empresa e para depois conseguir um trabalho bom. Como vim para o Brasil pelo Programa de Estudantes-Convênio, quando terminar o curso, tenho que voltar para o meu país. No futuro pretendo abrir a minha própria empresa.
(Camila Collato e Daiana Martini/Comitê de Comunicação UFSC Blumenau)